quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Pai e filho preservam Opala SS


O vermelho é de 1975 e o amarelo, de 1979



A paixão pelo Opala atravessou três gerações da família Gaudêncio. O patriarca Virgílio, já falecido, teve nove exemplares do Chevrolet. Para homenageá-lo, seu filho, Reinaldo, comprou um cupê SS 1975. Pouco tempo depois, o neto, Leonardo, seguiu o exemplo e arrematou outro SS, feito em 1979.



“De todos os Opalas do meu pai, o mais marcante foi um modelo L 1975, “Vermelho Marte”. Resolvi que o meu seria do mesmo ano e cor. Comecei a procura em 2009 e levei dois anos até achar este SS”, conta Reinaldo.


O modelo de Leonardo chegou à família alguns meses depois. Mas, como o estudante de engenharia tinha apenas 17 anos, precisou esperar para guiar o carro. “Eu queria justamente um SS 1979”, comemora o filho. “Essa cor “Amarelo Candeias” é rara no Opala, mas bastante atual, típica dos ‘muscle cars’ de hoje.”


Os cupês estão impecáveis. Bancos, tapetes e pintura foram restaurados seguindo os padrões da época. Colocando-os lado a lado, é possível ver a evolução do Chevrolet. No mais antigo, o miolo da ignição e a alavanca do freio de estacionamento estão próximos ao volante. No de 1979, a chave de partida foi para a coluna de direção e a haste, para o assoalho. Os grafismos que identificam a versão esportiva SS também mudaram.

A única exceção à originalidade foi o retrabalho feito no motor seis-cilindros do Opala de Reinaldo. “É uma ‘receitinha básica’ que se fazia na época, mais suave que as preparações que se veem hoje por aí. A potência subiu de 176 para 200 cv”, afirma o administrador.

Passeios. Pai e filho rodam com seus xodós apenas nos fins de semana. Às vezes, trocam de carro entre si.

O maior cuidado que têm é evitar molhar a lataria. “Em vez de lavar, só tiramos o pó. Em dias de chuva, ligamos os motores na garagem”, diz Leonardo.

Nas ruas, a dupla não passa despercebida. “O ‘cara’ vê o primeiro Opala e toma um susto quando o segundo aparece atrás”, diverte-se Reinaldo, que viveu um episódio inusitado em um posto de gasolina. “Um senhor pediu para ver o meu Opala, abriu o capô e chegou a chorar. Era um engenheiro aposentado da GM que trabalhou no projeto do carro.”


As propostas de compra são frequentes, mas os Gaudêncio não cedem. “É raro achar exemplares tão íntegros como estes. Queremos manter viva a história do Opala”, diz Reinaldo.

terça-feira, 2 de agosto de 2016

Opala Comodoro é paixão de jovem que ganhou o carro de amigos, em PE

Quinze pessoas do 'Clube do Opala de Caruaru' ratearam o preço do carro.Pedro Henrique era o único integrante do grupo que não tinha um modelo.

Pedro Henrique era o único integrante do grupo que não tinha um modelo.


Amigos se juntaram e deram Opala de presente a Pedro Henrique (no centro)

O motor é o 2.5. O carro fabricado em 1986 possui teto puxado para trás e perfil alongado. O Opala Comodoro Coupe - modelo esportivo - foi o presente dado por 15 amigos a Pedro Henrique Parente Figueira Callou, de 20 anos. O veículo custou R$ 1,9 mil e foi encontrado em Riacho das Almas, no Agreste de Pernambuco. O jovem - que integra o Clube do Opala de Caruaru - era o único do grupo que não possuía um modelo.


Pedro concilia o trabalho de vendedor com a paixão por Opalas - ele mantém um grupo com mais de 12 mil pessoas em uma rede social, onde tira dúvidas sobre peças, modelos e cores. Ele conheceu o Clube do Opala de Caruaru há dois anos. Desde então, virou amigo de dois aficionados por Opala: Wagner Silva, que comercializa peças de carros, e Filipe Albuquerque, enfermeiro.

O vendedor de peças estava em Riacho das Almas junto com Pedro quando os dois viram o que chamam de "maquinário". Sem dinheiro para comprá-lo, o jovem pediu à mãe, que negou. Com raiva, raspou as costeletas que usava desde a adolescência. Wagner, escondido de Pedro, contou que ligou para os outros colegas e juntos resolveram ratear o valor do automóvel. "Ficamos três dias arrumando o carro. Viramos a madrugada ajeitando tudo. E ele nem sonhava", disse Silva.

O enfermeiro Filipe Albuquerque disse que Pedro é "um grande apaixonado por Opala, mas que não tinha Opala". Ele contou que a entrega do carro foi digna de programa de televisão. Segundo Filipe, pelo menos 80 pessoas prestigiaram a cena. "Levamos o carro para a praça e dissemos que havíamos comprado para desmontar e vender as peças. Pedimos para ele dar a última volta. Ele sumiu, passou meia hora com o carro. Pensamos que ele tinha roubado o próprio carro. Depois, quando ele voltou, entregamos o documento do carro no nome dele", contou o enfermeiro.


Pedro Henrique batizou o carro com o nome de
Phebo Móvel

Pedro contou que - após saber que havia ganho o carro de presente - caiu no choro. "Não aguentei, chorei igual menino pequeno", disse o jovem. Ao voltar para casa, ele disse que não acreditava que havia ganho o veículo e passou mais de duas horas na garagem olhando para o Opala. "Quando acordei, peguei o lençol que eu tinha dormido e cobri o 'Phebo Móvel' [nome que deu ao carro]".


De pai para filho

Pedro Henrique disse que a paixão por Opalas surgiu aos 15 anos. Ele revelou que voltava do colégio e viu um modelo estacionado. "Quando vi o motor 4.1 pensei que era brincadeira de algum engraçadinho, que tinha trocado os número de lugar. Fui pesquisar e descobri que essa era a potência de um Opala". Desde então, ele afirmou que o interesse pelo modelo cresceu. Descobriu que o pai, morto em 2006, teve dois modelos: um Opala 73, quatro portas, edição de luxo, e um Comodoro ano 79.


Clube do Opala de Caruaru foi fundado em 2008

Clube do Opala Caruaru

O grupo foi fundado em 2008. Os participantes buscam integram não apenas "opaleiros", mas todos aqueles que buscam preservar o que classificam como "antigomobilismo". Os integrantes defendem as vantagens do clássico modelo lançado no Salão do Automóvel de São Paulo em 1968. Sobre os comentários de que não é um veículo econômico, todos defendem em um uníssino "não" e dizem que a afirmação não passa de senso comum. Para demonstrar o sentimento pelos veículos, cada carro recebe um nome.


Para Filipe Albuquerque - dono do Opala batizado de "Amy Winehouse" - é precido ponderar que a manutenção é cara, mas os custos com a parte mecânica não. "Tenho certeza que um mecânico nunca pegou em um motor de Opala quebrado. O Opala é professor de mecânico", defende o enfermeiro. Ele conta que chorou quando o pai fez menção de vender o Opala que usavam na família. "Eu não tenho interesse de ter outro tipo de carro. Uso esse na minha vida e não abro mão", afirmou.